O Ministério da Saúde definiu o período de vacinação contra a raiva em cães e gatos em todo o país. A campanha está prevista para ocorrer em duas etapas: oito estados realizam a vacinação em julho e 17, em setembro. Essa definição considerou a avaliação da situação da doença em cada região, a cobertura vacinal em 2010 e o cronograma de fornecimento da vacina. A partir de maio, as vacinas começam a ser distribuídas às Secretarias Estaduais de Saúde, que enviam para os municípios.
Ao todo, serão adquiridas 32 milhões de doses para vacinar uma população estimada em 29 milhões de animais (veja quadro abaixo). O Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR), fornecedor da vacina há 30 anos, será o laboratório responsável pela produção e oferta das doses.
Também foram adquiridas 3 milhões de doses, que estão sendo entregues desde fevereiro, para uso exclusivo em bloqueio de focos da doença. Até que o fornecimento seja completamente reestabelecido, essas vacinas somente serão usadas em áreas de risco, de acordo com avaliação do Ministério da Saúde.
Todas as vacinas que serão utilizadas na campanha passam por testes e só depois de aprovadas e liberadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) serão distribuídas pelo Ministério da Saúde aos estados.
Durante a vacinação deste ano, será mantido o sistema de monitoramento de eventos adversos adotado em 2010, com notificação em formulário eletrônico para o Ministério da Saúde de reações à vacina identificadas nos animais.
HISTÓRICO – No ano passado, a campanha de vacinação contra a raiva em animais foi suspensa em todo o país depois que foram relatadas reações graves à vacina, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ao todo, foram 637 registros, dos quais 265 (41,6%) foram considerados graves – morte ou reação sistêmica (anafilaxia).
A campanha de 2010 utilizou, pela primeira vez em todo o território nacional, a vacina de cultivo celular RAI-PET®, que garante imunização aos animais durante um ano. A vacina utilizada até então garantia imunidade durante seis a sete meses, fazendo com que fosse necessária a realização de duas campanhas anuais.
Devido às reações relatadas em 2010, a vacina distribuída foi novamente testada pelo MAPA. A análise em camundongos mostrou que algumas amostras tiveram resultado insatisfatório quanto à inocuidade – que é capacidade de um produto não produzir nenhuma reação inesperada. Os resultados mostraram ocorrência de reações graves acima do esperado.
Com isso, a campanha de 2010 foi suspensa e as doses que ainda estavam com o Ministério e as Secretarias Estaduais de Saúde – cerca de 18,7 milhões – foram recolhidas pelo fornecedor para reposição posterior.
VIGILÂNCIA LOCAL – O Ministério da Saúde reforça a recomendação de que estados e municípios intensifiquem as ações de vigilância e atenção para monitorar qualquer possível circulação do vírus da raiva e tratar adequadamente as vítimas de agressão por animais. Entre as ações, destacam-se:
• Monitorar regularmente os atendimentos antirrábicos humanos;
• Monitorar a circulação viral, com o envio de 0,2% da população canina estimada para diagnóstico laboratorial da raiva;
• Intensificar ações de educação em saúde visando a reduzir as agressões por animais;
• Intensificar a capacitação de profissionais de saúde sobre a indicação adequada dos esquemas de profilaxia (vacina e/ou soro).
ORIENTAÇÕES PARA A POPULAÇÃO – O Ministério da Saúde reforça as orientações para os donos de cães e gatos. Caso identifique suspeita de raiva, eles devem isolar o animal e chamar ajuda especializada, que pode ser a de técnicos do centro de controle de zoonoses local ou a de um veterinário da secretária municipal de saúde para que as providências adequadas sejam adotadas.
Se a pessoa for agredida por qualquer animal, deve-se lavar imediatamente a ferida com água e sabão e procurar imediatamente um serviço de saúde para obter orientações sobre indicação de vacina ou soro.
Quando a agressão for por cães ou gatos, os animais deverão ser confinados por dez dias após a agressão, para observação de sintomas da doença. Se o animal morrer, deve-se informar o departamento de zoonoses do município imediatamente.
Caso seja detectada a presença de morcegos na região, deve ser realizada a notificação aos órgãos da saúde e agricultura local para adoção de medidas de controle e prevenção, como: iluminar áreas externas nas residências, colocar telas nos vãos de dilatação de prédios, janelas e buracos e fechar ou vedar porões, pisos falsos e cômodos pouco utilizados que permitam o alojamento de colônias deste mamífero.
Número de doses para Campanha Nacional de Vacinação contra Raiva Animal