Atos aparentemente inocentes, como passar um batom, usar creme hidratante e até passar antitranspirante diariamente podem causar sérios riscos à saúde. Isso porque alguns ingredientes presentes na maioria dos cosméticos são altamente químicos e não deveriam ser aplicados sobre a pele. “Os xenobióticos (conservantes usados na maioria desses produtos) têm a capacidade de alterar o material genético do nosso organismo e propiciar o desenvolvimento de tumores”, afirma o farmacêutico Maurício Pupo.
Por isso, ele revela que optar pelos cosméticos orgânicos é mais do que seguir uma tendência da moda. “Escolher fórmulas que utilizam matérias-primas naturais ajuda a se livrar de uma grande quantidade de toxinas.”
Mas, antes de trocar o arsenal de beleza pelas versões ecologicamente corretas, Pupo alerta que para ser considerado orgânico, os cosméticos devem passar por um processo de certificação. Para receber o selo que permite comercializar itens sob essa denominação, os fabricantes do setor passam por uma série de testes, que inclui desde a forma de cultivo dos ingredientes vegetais, sem agrotóxicos, até o sistema de ventilação da fábrica e a ausência de testes dermatológicos realizados em animais. “Optar por esses produtos é um sinal de amor ao ser humano, à natureza e aos animais”, opina Pupo.
Por causa das muitas exigências estabelecidas pelas empresas certificadoras, nem todos os produtos conseguem a permissão para ser comercializados como orgânicos. Para isso, é preciso ter em sua composição 95% de ingredientes produzidos sob os preceitos da agricultura orgânica e não conter nada de origem mineral. “Esse é um dos motivos que encarecem a maioria desses produtos”, revela Consuelo Pereira, representante no Brasil da certificadora francesa Ecocert.
Outro entrave para a maior popularização dos cosméticos orgânicos é a falta de um marco regulatório no país que determine as regras de produção e comercialização do segmento. Está prevista para janeiro de 2011 a aprovação da lei dos orgânicos no Brasil. Mas, segundo explica Consuelo, como a legislação fala apenas de alimentos, os cosméticos correm o risco de não poderem mais ser comercializados por causa da falta de regulamentação.
Enquanto isso, as empresas diversificam cada vez mais os tipos de produtos para cuidados com a beleza. Atualmente, há no setor de orgânicos a mesma variedade do mercado tradicional.
Apesar de representarem uma postura mais ativa diante da preservação do meio ambiente e apoio à economia sustentável, os cosméticos orgânicos nem sempre têm um desempenho melhor em relação ao restante do mercado. “No que se refere a resultados, as diferenças são quase inexistentes, mas é importante lembrar que, no Brasil, esse ainda é um setor novo e há muito a ser estudado”, diz a dermatologista Isabel Martinez, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Performance variada
A dica para quem ainda está conhecendo mais sobre o assunto e que queira experimentar um produto fabricado a partir de ingredientes naturais e certificados, é começar pelos cremes hidratantes. Em vez de utilizar óleos minerais em sua formulação, como é comum na indústria cosmética, as loções corporais orgânicas contêm óleos vegetais, o que aumenta a qualidade do produto. “Os óleos vegetais, além de serem menos poluentes, são absorvidos melhor pela pele, o que a deixa mais hidratada e acaba ajudando na produção de colágeno e elastina, responsáveis por deixar o corpo mais tonificado e firme”, diz o farmacêutico Maurício Pupo.
Por outro lado, nem sempre os cosméticos alternativos garantem uma melhor performance em relação aos tradicionais. Os xampus e condicionadores são um exemplo disso. Por serem fabricados sem lauril – detergente responsável por formar a espuma durante a lavagem -, o xampu orgânico não dá a mesma sensação de limpeza. E a falta de silicone nos condicionadores não garante o mesmo brilho e maciez dos cabelos. Afinal, nem tudo é perfeito!