Os juros cobrados pelos bancos em suas operações com pessoas físicas, que haviam recuado para 43,6% ao ano em setembro, a menor taxa da história, voltaram a subir em outubro, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (25) pelo Banco Central.
No mês passado, de acordo com a autoridade monetária, a taxa média de juros dos bancos em suas operações com pessoas físicas avançou 0,6 ponto percentual, para 44,2% ao ano. Foi a primeira elevação desde novembro do ano passado.
Razões para a elevação
Segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, o aumento dos juros bancários está relacionado, em outubro, com o aumento da taxa de captação (quanto os bancos pagam pelos recursos), que avançou para 9,6% ao ano – contra 9,3% ao ano em setembro.
Maciel explicou que a taxa de captação tem por base a curva de juros futuros. Ou seja, a taxa está crescendo por conta da expectativa do mercado de que os juros básicos da economia, definidos pelo BC e atualmente em 8,75% ao ano, subam no próximo ano – para controlar a inflação.
A expectativa de aumento dos juros futuros, por sua vez, passou a acontecer com mais intensidade após o alerta do próprio BC de que a inflação pode subir no futuro, impulsionada pelos gastos públicos.
Juros de todas operações e de empresas
Em outubro, segundo o BC, também subiram os juros médios de todas as operações de crédito dos bancos. A taxa geral média de juros bancários para operações com recursos livres passou de 35,3% ao ano em setembro para 35,6% ao ano em outubro.
O BC informou ainda que os juros cobrados pelos bancos em suas operações com empresas também subiram em outubro, para 26,5% ao ano. Em setembro, estavam em 26,3% ao ano.
Linhas de crédito
Na contramão do aumento dos juros bancários de pessoas físicas, o BC informou que as taxas cobradas pelos bancos nas operações com o cheque especial caíram em outubro. No mês passado, a taxa média somou 160% ao ano, contra 162,7% ao ano em setembro. Mesmo com o recuo, os juros ainda estão elevados.
Entretanto, a taxa subiu para as operações de crédito pessoal. Neste caso, avançou de 44,7% ao ano em setembro para 45,7% ao ano, em outubro. Para a compra de automóveis, os juros avançaram de 24,9% para 25,6% ao ano, de setembro para outubro.
No caso das linhas de crédito de empresas, a taxa para desconto de duplicata passou de 40,4% em setembro para 40,9% ao ano, em outubro. Para capital de giro, os juros médios dos bancos subiram de 30,5% ao ano, em setembro, para 31,1% as ano em outubro.
Expectativa de queda para o Natal
Apesar da subida de quase todas as taxas de juros bancárias em outubro, o Banco Central avalia que a tendência é de recuo em novembro e, também, no último mês de 2009.
“É uma alta pontual, esporádica [em outubro], que deve ser interpretada como um ponto fora da curva. Não significa alteração da trajetória de queda dos juros bancários, haja vista a expectativa da queda da inadimplência”, disse Túlio Maciel, do BC.
No início deste mês, segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico, os juros bancários já voltaram a cair, principalmente nas operações com pessoas físicas.
“A se confirmar essa queda da taxa de juros de novembro, nos alcançaríamos o piso [dos juros bancários] de pessoa física. Um novo recorde [de juros mais baixos]. Poderemos alcançar o Natal com a menor taxa de juros para PF a persistir essa tendência de recuo para os juros”, afirmou ele.