O perfil de endividamento do brasileiro mudou este ano. Entrada de novos consumidores, resquícios da crise financeira de 2008 e a própria política de concessão de crédito dos bancos estão fazendo com que cresça a inadimplência nas áreas de cartão de crédito e financeiras. Mas os especialistas são unânimes ao afirmar que, apesar do aumento, a situação está longe de ser alarmante.
Números da Serasa Experian mostram que a inadimplência do consumidor teve o pior agosto desde 2005, com alta de 11,5% na comparação com o mesmo mês de 2009 – foi a quarta expansão consecutiva. Em relação a junho, o aumento é de 1,8%. Esse crescimento é composto por +5,9% em cartões e financeiras, 1,1% em bancos, queda de 3,1% em protestos e recuo de 4,1% nos cheques.
As comparações mensais mostram que as dívidas em cartões e financeiras vêm crescendo desde fevereiro deste ano. Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa, explica que esse descasamento é um reflexo da crise financeira de 2008.
“Naquela época, mais pessoas deixaram cartões e financeiras e passaram a usar cheques pré-datados, pois não podiam pagar imediatamente”, diz. “Com a volta à normalidade nas transações, os clientes voltaram a usar cartões, o que ajudou a elevar as dívidas.”
Uma das situações que mostram claramente esse efeito é o próprio balanço de cheques. “O número de folhas sem fundos caiu 0,6%, mas o valor das dívidas subiu 32,7%”, conta. “Os cheques que estão sendo descontados agora são justamente aqueles lançados quando havia falta de crédito na praça.” Na prática, diz Rabi, esses efeitos se anulam.