Realizado pela Universidade de Columbia, nos EUA, estudo acompanhou pacientes que realizavam tratamentos convencionais e grupo que foi submetido a cirurgia do Diabetes. Dois meses após o início do estudo, os pacientes que realizaram o procedimento cirúrgico não necessitavam mais de medicações para controlar a doença.
Estudo realizado pela Universidade de Columbia, dos EUA, avaliou durante dois meses a eficácia da cirurgia do diabetes comparada ao tratamento convencional aliado a uma dieta balanceada.
No estudo, sete pacientes obesos com diabetes tipo 2 receberam uma dieta de 800 calorias diárias, enquanto o outro grupo foi submetido a cirurgia do diabetes.
O estudo foi finalizado quando os dois grupos perderam a mesma quantidade de peso, uma média de 8% do peso corporal. Entretanto, os pacientes tratados com a cirurgia perderam peso mais rápido, cerca de 3 semanas em comparação as 8 semanas dos pacientes que se submeteram a dieta alimentar.
A cirurgia do diabetes melhorou a sensibilidade à insulina nos pacientes e a habilidade do corpo de aproveitar a glicose na corrente sanguínea. A sensibilidade à insulina é prejudicada em pessoas com diabetes tipo2, resultando no acúmulo de açúcar no sangue. “Os resultados dos estudos são bastante promissores. É importante frisar que não se trata de uma nova técnica, conforme vem sendo comunicado à opinião pública. Identificamos que as cirurgias realizadas para obesidade promovem um controle do diabetes tipo 2 bastante eficaz. Ou seja, os procedimentos demonstraram-se mais efetivos para controle da doença metabólica do que para perda de peso”, afirma Thomas Szegö, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), segunda maior associação da especialidade no mundo com quase 1000 filiados.
Os pacientes que passaram pela cirurgia tiveram o controle total da doença e não dependiam mais de medicações ao final do estudo. Já o grupo que seguiu a dieta alimentar teve que continuar com o tratamento medicamentoso, apesar de registrar uma queda de 55% no uso de medicamentos.
Os pesquisadores encontraram melhorias significativas no grupo da cirurgia em relação a medidas de sensibilidade à insulina e a função das células beta, as células produtoras de insulina no pâncreas. Essas melhorias no grupo que seguiu apenas a dieta alimentar não teve um resultado muito significativo.
Três tipos de cirurgia são comprovadas como eficientes no controle do diabetes: a banda gástrica ajustável, o by-pass gástrico e as derivações bilio-pancreáticas. As técnicas que criam um atalho para o alimento, que é desviado do duodeno e chega antes à parte final do intestino, alteram a secreção de alguns hormônios intestinais, como p.e o GLP-1, cujo aumento estimula a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo no controle do diabetes tipo 2.
Segundo Dr. Szego, os bons resultados da cirurgia para o controle do diabetes tipo 2 devem-se, basicamente, a dois fatores: a perda de peso do paciente e, principalmente, a alterações hormonais. “Ficou cientificamente comprovado que com estas técnicas conseguimos controlar o diabetes da grande maioria dos pacientes”, afirma o presidente da SBCBM.
De acordo com o CFM, a cirurgia do diabetes pode ser indicada no tratamento de pacientes diabéticos tipo 2, com IMC (Índice de Massa Corpórea – peso dividido pela altura ao quadrado ) acima de 35. Ainda está em estudo pelo CFM a liberação do procedimento para pacientes com IMC entre 30 e 35. Para pacientes com o IMC abaixo de 30 a cirurgia ainda não é indicada, porém o Brasil desponta como o país que mais investe em estudos para adaptar o método que irá beneficiar pacientes não obesos.
[ + ] Vídeo: Confira a entrevista de um médico que dá maiores detalhes sobre o estudo.