Roberta Scrivano – O Estado de S.Paulo
Na aula de português, o verbo poupar no lugar de correr. Em arte, o desenho de um cofrinho e não do pôr-do-sol. Nos problemas de matemática, reais em vez de laranjas. Iniciativas simples como essas, que inserem a educação financeira no cotidiano das crianças, são cada vez mais comuns em escolas particulares.
Especialistas e educadores dizem que o interesse dos pais, sobretudo os mais jovens, já é grande, assim como o de universitários, o que tem estimulado o aparecimento da educação financeira em escolas e faculdades.
Uma das iniciativas mais recentes foi implementada na escola Castelo Branco, no bairro paulistano da Bela Vista, que inseriu o tema como disciplina obrigatória para os alunos entre 6 e 11 anos. “A aula é semanal, para todas as séries. Não há nota, mas a presença é obrigatória”, conta Silvia Alambert, coordenadora do projeto The Money Camp, originado nos Estados Unidos.
Silvia é a representante do projeto, que, além de ter seu próprio quadro de professores ? que podem ser contratados pelas escolas, por exemplo ? oferece capacitação de profissionais.
Em geral, as iniciativas há mais tempo aplicadas se dão em escolas bilíngues ou com alguma influência internacional, como a Stance Dual, também na Bela Vista. “Educação financeira é um diferencial da nossa escola”, diz Luciana Lapa, coordenadora do ensino fundamental.
Na Stance Dual, o tema é abordado de 15 em 15 dias sob o título educação financeira há três anos. “Além disso, em todas as outras matérias incluímos o assunto como tema transversal”, explica Luciana.
O projeto implementado nessa escola é da educadora financeira Cássia D” Aquino e está embasado em quatro pilares: ganhar, poupar, gastar e doar. “Trazemos nessa aula assuntos do cotidiano, problemas e, sobretudo, formamos os valores da crianças em relação ao tema consumo”, explica Luciana.
Empreendedor mirim. Há unidades de ensino que tratam o tema com mais requinte, como a Escola Internacional de Alphaville, que aplica metade de toda a grade curricular em inglês. “Educação financeira está no nosso módulo de empreendedorismo, que é dado para o ensino médio”, explica Stevens Beringhs, sociólogo e coordenador do colégio.
Com uma mensalidade de R$ 2,3 mil, os alunos, para ter esses diferenciais, ficam na escola das 7h30 às 15h30. “Estamos em uma escola de alta elite e o intuito principal dessas aulas é a manutenção do patrimônio”, completa o coordenador. Poupança e investimento são o foco das aulas.
E não são só as escolas que estão de olho na educação financeira. Há quatro anos, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) oferece o tema Finanças Pessoais como matéria eletiva aos estudantes de administração. Maria do Carmo Scwandner Ferreira, coordenadora de finanças da PUC, conta que essa é uma das matérias mais procuradas pelos alunos. “Mesmo sendo estudantes de administração, dificilmente você encontra alguém que saiba como fazer o orçamento mensal.”
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