Perfil do estudante
O estudante de EAD tem alguns diferenciais. Ao contrário do curso presencial, é ele quem vai conduzir o próprio estudo, e não o professor. O estudante precisa se organizar e dividir bem o tempo. “A autonomia que a modalidade possibilita implica em uma maturidade do aluno para que ele dê conta de entregar os trabalhos, estudar e realizar as provas. Independentemente da metodologia, o ensino a distância exige muita disciplina do aluno”, avisa Carlos Longo, diretor de EAD do Ibmec Online das Faculdades Ibmec.
Dados do censo 2009 da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) apontam que 53,4% dos alunos de EAD são mulheres e a faixa etária mais presente é a que vai de 30 a 34 anos. “Tanto no exterior como no Brasil, o perfil de aluno de EAD está concentrado nas faixas etárias dos 30 anos e 40 anos. São pessoas mais maduras”, define o especialista, que trabalha há 13 anos com educação a distância.
A instituição de ensino
Antes de se matricular, é fundamental que o aluno se previna e cheque alguns pontos. O primeiro é verificar no site do MEC se a instituição é credenciada para oferecer cursos de educação a distancia. Em seguida, o estudante deve procurar informações sobre o curso e a Faculdade: é bem avaliada pelo MEC? Qual nota tirou no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade)? Qual é a opinião de quem estuda ou já se formou naquela instituição?
“A preocupação deve ser a mesma que o aluno teria se fosse fazer um curso presencial. Se a instituição tem uma boa reputação em cursos presenciais, certamente irá elaborar cursos a distância de qualidade”, aponta Carlos Longo. André Genesini, membro do Conselho de Qualidade da ABED, aconselha visitar a universidade: “É importante ir à instituição e conversar com o coordenador e com os alunos”.
O MEC recomenda também observar o grau de exigência do curso. A metodologia garante que o aluno seja autônomo e organize suas atividades. O estudante irá realizar provas presenciais e não pode deixar de estudar. Ele deve receber atendimento regular por professores e tutores e material didático qualificado. O atendimento aos alunos pode ser por meios eletrônicos (fóruns virtuais, chats, emails) ou por telefone, por meio de um 0800 disponibilizado pelas instituições.
A importância do polo de apoio
Os polos de apoio são locais onde estudantes realizam as provas, têm acesso a laboratórios de informática ou pedagógicos (para cursos como o de química, física e biologia) e à parte administrativa do curso. Em março de 2009, o MEC tinha 5.636 polos de apoio presencial registrados, vinculados a 145 instituições credenciadas.
“É no polo de apoio que acontece a parte presencial do curso e onde o estudante pode encontrar suporte. Os cursos tele-presenciais, que têm crescido bastante, são transmitidos via satélite para salas com TV ou telão nos polos”, lembra André Genesini.
Alunos de EAD têm bom desempenho
Segundo resultados do Enade, das 13 áreas em que se podem comparar estudantes da educação presencial com àqueles a distância, observa-se que em sete – administração, biologia, ciências sociais, física, matemática, pedagogia e turismo – os alunos de EAD foram melhores do que os de presenciais. “Se a EAD funciona e dá bom resultados, é porque ela é para alunos automotivados. No presencial às vezes o aluno consegue enrolar, ‘empurrar com a barriga’ se apoiando na turma, na EAD não tem como”, destaca André Genesini.
A evasão na EAD também é menor do que no presencial, segundo Genesini. Cerca de 70% da evasão na educação a distancia acontece já no primeiro ano. “Quem não se adapta logo sai.”
Cursos mais baratos
Os realizados a distancia são mais baratos do que os presenciais. Carlos Longo, do Ibmec justifica a diferença: “Descontamos do valor das mensalidades os custos do espaço físico. Não chega a ser barato, mas é mais econômico sim. Nosso MBA, por exemplo, sai por R$ 16 mil a distancia e por R$ 22 mil no presencial.”
Há cursos que funcionam melhor
“É mais fácil passar a distância tudo o que é muito teórico, como administração e marketing. Cursos como engenharia e gastronomia apresentam problemas, pois exigem uma parte muito grande presencial”, avalia Genesini.
A legislação permite que as instituições credenciadas pelo MEC possam “criar, organizar e extinguir os cursos”. Cursos majoritariamente práticos não são vantajosos a distância, mas também não são proibidos pelo ministério. Nos casos de medicina, odontologia e psicologia, a autorização deve ser submetida previamente ao Conselho Nacional de Saúde; e os de direto devem ser submetidos ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. No entanto, não existe nenhum projeto apresentado para esses cursos em EAD, segundo o MEC.
A EAD encurta distâncias
Em um país com as dimensões continentais como o Brasil, a EAD apareceu como uma solução para promover a inclusão de milhares de jovens residentes em cidades pequenas no interior dos Estados, que não tinham instituições de ensino superiores. “No Norte, Nordeste e no interior do Sul aconteceu um fenômeno. Cidades de até 300 mil habitantes tinham um público que não conseguia fazer graduação. O estudo só avançava se os estudantes buscassem os centros urbanos. Tinha uma demanda enorme extremamente reprimida que não era assistida”, aponta Longo.
A inclusão dessas pessoas no ensino superior justifica o crescimento espantoso da modalidade em tão pouco tempo. Segundo Longo, a graduação a distância cresce com médias de 60% ao ano, enquanto o ensino presencial avança 1% anualmente. “Temos muitas pessoas que querem estudar, se especializar, e não conseguem por causa das distâncias. Como um gestor de escola pública de Codó, no Maranhão, vai a São Luis (a 280 km) três vezes por semana para fazer um curso? Se não for a distância ele não fará nunca.”
Especialização executiva
A EAD tem crescido bastante também na pós-graduação e atraído executivos. Pessoas que trabalham em meios que exigem conhecimento de outras áreas têm procurado cursos de graduação ou pós-graduação, em busca de uma formação mais completa. “A tecnologia entra para melhorar a dinâmica da vida das pessoas. Executivos que não iniciavam um curso pelo receio do comprometimento presencial, agora estão estudando a distância. Se o aluno precisa viajar a trabalho e passar três meses fora do Brasil, ele não precisa trancar o curso. Pode estudar a distância e continuar exercendo a profissão dele”, enfatiza Longo.
Uma pesquisa da ABED, realizada em 2009 com 32 empresas que praticam educação corporativa a distância, apontou que elas são responsáveis pela formação de cerca de 500 mil funcionários. Para Genesini, a educação a distancia tem aproximado a faculdade da realidade do mercado de trabalho, pois os alunos são profissionais com a carreira já encaminhada. “A grande tendência é utilizar o trabalho como tema do currículo de um curso. Propor numa pós-graduação, um projeto que faça uma alteração que beneficia a empresa e compõem a avaliação. O curso a distancia está se aproximando da realidade, enquanto o presencial se distancia cada vez mais.”