Cresce o número de estudantes interessados em turismo

Os próximos anos são promissores para quem trabalha – ou quer trabalhar – com a área de turismo. De acordo com dados do governo federal, há 7,2 milhões de trabalhadores nas atividades ligadas à atividade no País e, com a Copa do Mundo no Brasil em 2014, 870 mil profissionais terão contato direto com os turistas. Este número inclui taxistas, recepcionistas de hotel e outras atividades. Apesar da falta de dados sobre o mercado específico do turismólogo, estima-se o aumento da demanda por profissionais da área.

“É um momento muito propício para quem estuda turismo. Quem começar a faculdade agora, que dura em média três anos, já estará formado na Copa”, afirma Victor Lamas, coordenador pedagógico nacional das faculdades de Turismo, Gestão de Turismo, Hotelaria e Gastronomia da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Além do mundial de futebol em 2014, Lamas lembra que o Brasil contará com a reunião Rio+20, que vai comemorar, em 2012, os 20 anos da Rio-92, além da Copa das Confederações em 2013 e das Olimpíadas em 2016. “Uma queixa de pessoas do mercado é a falta de mão-de-obra especializada para os próximos anos. Há uma crescente demanda por profissionais especializados para hotelaria e agências de turismo”, afirma.

Além dos grandes eventos, a carreira de turismólogo vai muito além dos prazeres de ser turista. “Todo mundo comenta que a gente vai viajar bastante”, brinca Karine Prusch, 24 anos, graduada na área, sobre os erros mais comuns de quem não conhece a profissão. “Aliás, muita gente entra na faculdade achando que vai viajar muito e não é bem assim”, diz.

Na verdade, o turismólogo envolve-se muito mais nos bastidores das viagens dos outros do que realmente carimba o seu passaporte a trabalho. Ainda assim, o mercado é amplo. “O curso forma os alunos para atuar em diversas áreas, desde agências de viagem, hotéis, companhias aéreas e marítimas e transportadoras rodoviárias até no planejamento turístico em iniciativas privada e pública”, afirma Victor Lamas.

Karine é um exemplo da gama de possibilidades que a carreira proporciona. Quando era universitária, estagiou na Aerolíneas Argentinas e na secretaria de turismo de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Depois da formatura, fez parte da equipe da companhia aérea Webjet e de uma agência de viagem da capital gaúcha. Agora, trabalha em uma produtora especializada em eventos.

Essa é outra área possível para turismólogos, já que o planejamento de shows e encontros corporativos envolvem organizar a vinda de participantes de fora. “Fazemos pesquisa de hotéis e toda a logística envolvida para as pessoas estarem lá”, diz Karine. Para isso, além de disciplinas de agenciamento, de cenário geopolítico nacional e mundial e de patrimônio histórico brasileiro, durante a faculdade, os estudantes aprendem sobre gestão e estatística.

Negócio próprio

Fazer o seu próprio negócio também é possível. Carlos Magno, 33 anos, abriu a sua empresa em 2003, o Cama e Café, quando ainda estava na faculdade. O negócio já foi indicado pelo prêmio Shell Iniciativa Jovem como empreendimento sustentável e foi selecionado como um dos melhores cases de sucesso do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O Cama e Café oferece hospedagem na casa de brasileiros no Rio de Janeiro e em Olinda (PE). “Notamos que, além de ser mais econômico, era muito mais autêntico e interessante ficar na casa de um morador local”, conta o turismólogo. “O que o Brasil tem de melhor é o povo. Então aproveitamos esse espírito hospitaleiro, e o turista não encontra só uma casa, mas um professor da língua local e um amigo”, afirma Magno, que também é sócio de um restaurante.

Debates

Apesar do leque de possibilidades para os profissionais no mercado, Karine não encontrava um local de debate para falar sobre a sua carreira. Por isso, criou o blog Profissão? Turismóloga! para agrupar quem trabalha na área. “Eu procurava um site que não falasse só para turistas e não achava”, afirma. Como a profissão ainda não é regulamentada (o projeto de lei está em análise no Congresso Nacional), a gaúcha também sentia falta de união dentro da categoria.

“A não-regulamentação é muito pouco falada, e eu me sentia um pouco perdida. Só discutíamos o assunto na faculdade”, diz. Ela conta ainda que recebe muitos e-mails de vestibulandos que têm dúvidas sobre a carreira.

[ + ] Terra Educação

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