Essa situação envolvendo as mais importantes operadoras de TV por assinatura do país, que não chegam a um acordo com a Fox Sports Brasil, além de não ser bem explicada – todas as tratativas correm em segredo entre as partes -, está me cheirando há algo que estou fazendo força para não acreditar, como por exemplo, um completo jogo de cena entre os envolvidos.
Apesar de neste espaço eu ter publicado um texto em que dizia que a Net e Sky estavam boicotando a Fox Sports, para assim evitar – atrasar – a entrada de um concorrente de peso aos canais SporTV, existe um outro lado nesta história.
As Organizações Globo, que geri as mais importantes empresas de mídia do país, foi uma das fundadoras da primeira TV via satélite a operar no Brasil, que foi a Sky. Além dela, também contribuíram a Liberty Media Internacional e a News Corporation, esta última de propriedade de Rupert Murdoch, que é o dono dos canais Fox.
Desde então, Organizações Globo e News Corporation passaram a ter ligações uma com a outra. Em 2004, a News Corporation comprou parte da DirecTV, a única concorrente da Sky, e formou o DirecTV Group. Dois anos depois, em 2006, houve a fusão entre Sky e DirecTV.
Com isso as Organizações Globo se manteve como uma das acionistas da Sky – além de também ter parte da Net -, e viu a DirecTV perder espaço no mercado brasileiro, que por sua vez tinha menos assinantes que sua ex-concorrente.
Toda essa negociata evidência uma importante relação entre os grupos. Por exemplo, a Rede Telecine, da GloboSat, há anos é parceira da Twentieth Century Fox, que faz parte da News Corporation.
Por tudo isso, e em que pese o fato de a Fox ter tirado a Taça Libertadores da América da SporTV, será que de fato a Globo trabalharia nos bastidores para evitar a concorrência de um canal, cujo dono é seu parceiro? Será que não há outros interesses nisso aí?
Nem mesmo as outras empresas de TV por assinatura – que não tem ligação alguma com a Globo – conseguiram chegar a um acordo com a Fox Sports. Pelo que se sabe, a primeira a transmitir o sinal foi a Nossa TV, do missionário R.R. Soares, que em termos nacionais, abrange pouquíssimas cidades, e por consequência ainda não possui um número de clientes significativo.
Não é difícil crer que a Fox está tendo algum tipo de dificuldade estrutural para entrar com seu sinal nas maiores operadoras de TV por assinatura do país. Comecei a pensar nesta hipótese a partir do momento em que, por meio de uma nota oficial, ela informou que algumas estavam em fase final de testes e passariam a exibir o seu mais novo canal – no lugar do Speed Channel – a parir da próxima terça-feira (14). As operadoras em questão são: CTBC, Telefônica, TVA, Oi TV, RCA e 28 Associados da NEO TV. Todas elas juntas, representam apenas 11% do mercado brasileiro.
A partir do instante em que o fechamento de contrato começou pela menor das operadoras, que é Nossa TV, passando pelo grupo que inicia na próxima terça-feira, e deixando as três maiores, que são a Net, Sky e Via Embratel (na ordem) por último, tudo parece se encaixar.
A própria Via Embratel já informou que está em fase de testes e espera substituir o Speed Channel pela Fox Sports até o final deste mês, mantendo assim, a ordem (citada acima), caso Net e Sky não se antecipem.
Será que estou totalmente errado ou as coisas estão caminhando para um imbróglio orquestrado pelas próprias empresas? Dê sua opinião!
Com certeza estão formatando a equação financeira que possa atingir os objetivos de todos os envolvidos, ganham tempo, e fazem os assinantes de inocentes úteis…