Andar de bicicleta é particularmente bom para manter os quilinhos longe daquelas mulheres que já estão acima do peso ou obesas, diz Anne C. Lusk, pesquisadora associada do departamento de nutrição da Escola de Nutrição Pública de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos.
“Mulheres com peso normal podem certamente se beneficiar desse exercício”, diz. “Mas especificamente para mulheres no momento pré-menopausa e que estão acima do peso ou obesas, andar de bicicleta apenas duas ou três horas por semana fazem com que elas tenham 46% menos chances de ganhar 5% do seu peso inicial.”
A equipe liderada por Anne também descobriu que andar devagar – menos do que cinco quilômetros em uma hora – não ajuda a controlar o peso. Ela e seus colegas reportaram as descobertas de seu estudo em junho no “Arquivos da Medicina Interna”.
Os autores apontaram que, em 1995, o Centro Norte-Americano de Controle e Prevenção de Doenças do Colégio Americano de Medicina do Esporte recomendou que todos os adultos americanos passassem a fazer meia hora de exercício moderado ou intenso por dia. No entanto, apesar do aviso, dois terços dessa população estão acima do peso ou obesos enquanto 16% das crianças americanas e adolescentes estão acima do peso e um terço está no limite de chegar ao excesso de peso.
Em uma pesquisa recente, a equipe de estudo reportou que andar rapidamente ajudou mulheres que estavam no peso normal ou emagreceram recentemente e queriam manter os quilos a mais afastados, enquanto andar vagarosamente não mostrou benefícios.
Os pesquisadores decidiram explorar o potencial benéfico que pode ser alcançado se mais mulheres inserissem a bicicleta em sua rotina. Apenas metade do total de 1% dos norte-americanos acima dos 16 anos que vão ao trabalho usam bicicleta. Desse grupo, apenas 23% são mulheres, segundo a autora.
Os autores observaram o histórico médico, peso dos pais, hábitos de exercícios e outras informações sobre estilo de vida de mais de 18.400 mulheres que participaram do “segundo estudo de saúde das enfermeiras”. As mulheres tinham entre 25 a 42 anos em 1989 e, portanto, estavam na fase pré-menopausa em 2005 e não tinham impedimentos físicos para fazer exercícios.
O time de Lusk focou a pesquisa na mudança de peso ocorrido nos 16 anos. Em 1989, aproximadamente metade das mulheres disse andar devagar, enquanto 40% disseram andar rapidamente e quase metade afirmou que andava de bicicleta.
Em 2005, as mulheres ganharam em torno de nove quilos, enquanto o total de tempo que elas passavam ativamente diminuiu de forma significativa. No entanto, mulheres que não andavam de bicicleta em 1989, mas o fizeram em 2005 experimentaram significante redução do ganho de peso nesse tempo. A afirmação foi verificada principalmente entre mulheres com excesso de peso, para quem andar de bicicleta pelo menos cinco minutos por dia fez a diferença. E quanto mais elas andaram de bicicleta, menos peso elas ganharam, observaram os autores.
Em contraste, aquelas que diminuíram o tempo de bike ao longo dos anos, de 15 minutos por dia para menos ou nada, tiveram um grande ganho de peso. E mulheres com peso normal que andaram de bicicleta por mais de quatro horas por semana em 2005 reduziram a probabilidade de ganhar mais do que 5% de seu peso, segundo os pesquisadores.
A equipe concluiu que andar de bicicleta, assim como andar rapidamente, deve ser encorajado para mulheres na pré-menopausa, particularmente se elas estão lidando com ganhos de peso.
“Nós estamos defendendo uma atividade física que é parte do dia-a-dia”, Lusk diz. “Você não tem que pensar sobre sua freqüência cardíaca, quanto tempo por semana você faz. Nós estamos recomendando que a mulher inclua a bicicleta ou uma caminhada rápida nos sete dias da semana.”
Cedric X. Bryant, chefe de ciência do Conselho Americano de Exercícios, em San Diego, disse que as recomendações atingem o alvo. “Seus argumentos se encaixam com a necessidade de ajudar os americanos a programar atividade física em seus estilos de vida”, ele diz.
“Andar de bicicleta não tem impacto, por isso é confortável para as articulações, tornando essa atividade mais acessível a diversas pessoas, o que eu acho que todas as mais importantes organizações de fitness estão encabeçando”, diz Bryant.
No entanto, Nieca Goldberg, diretor médico do programa do coração da mulher, do Centro Médico da Universidade de Nova York, emitiu uma nota de advertência lembrando como as mulheres devem interpretar essa nova informação.
“Eu acho que subestimar os benefícios da caminhada em ritmo lento é uma mensagem ruim para enviar às pessoas, que podem passar a maior parte da sua vida sentadas em uma cadeira”, diz. “Porque andar vagarosamente é um bom começo se você ainda não faz exercícios. É mais barato do que a bicicleta e pode ser mais fácil. Basicamente você pode começar em qualquer lugar.”