Empresários da área educacional anunciaram, nesta semana, que pretendem criar um prêmio no valor de US$ 500 mil para um professor, de qualquer instituição, que ofereça experiências inovadoras e extraordinárias aos seus alunos. A iniciativa é do Projeto Minerva – lançado no ano passado com o objetivo de ser a melhor universidade online do mundo – e deve ser colocada em prática no ano que vem. “As universidades querem recompensar o ensino, mas a indústria não dá nenhum incentivo. Esperamos que o Prêmio Minerva seja o Nobel da Educação”, disse Ben Nelson, fundador da Minerva, ao The New York Times.
A ambição no grupo não para por aí. A universidade também pretende inovar oferecendo aulas online associadas a uma convivência presencial entre alunos que irão dividir dormitórios itinerantes pelo mundo. “A profissão de professor era uma das mais reconhecidas antigamente, o que não é mais verdade hoje. É isso que estamos querendo mudar e influenciar para voltarmos ao reconhecimento que já tivemos um dia”, diz Nelson no vídeo de apresentação do prêmio. A ideia da Academia Minerva, que será responsável pela premiação e é liderada por Roger Kornberg, Nobel de Química em 2006, é reconhecer um professor de qualquer lugar do mundo que demonstre inovações no ensino e no aprendizado dos seus alunos. Entre os critérios estão originalidade nas avaliações, impacto e inspiração. As inscrições estão abertas até 30 de novembro e a seleção final será divulgada em abril de 2014.
Modelo novo
Não foi a primeira vez que o Projeto Minerva ganhou os holofotes do mundo com um anúncio um tanto ousado. Antes de lançar o que espera ser o Nobel da Educação, o Projeto Minerva já tinha atraído atenções ao se lançar no mercado com o objetivo de ter sua qualidade equiparada à Ivy League, grupo de universidades norte-americanas consideradas as melhores do mundo, mas pela metade do preço. À época, a organização recebeu US$ 25 milhões de investimentos para sua fundação e anunciou que Lawrence Summers, ex-presidente de Harvard e secretário do Tesouro dos EUA, seria o presidente do conselho consultivo da universidade.
E as ousadias não param. Hoje, a discussão está em torno do modelo completamente diferente que vem sendo desenhado para seus cursos de graduação. A estratégia de aprendizado inclui o uso de uma plataforma adaptativa on-line e aulas ministradas por professores de ponta via streaming a turmas de até 25 estudantes reunidos fisicamente em algum lugar do mundo. Esses alunos farão parte de um grupo maior de 200 a 300 estudantes que, por sua vez, precisam dividir dormitórios espalhados por grande cidades do mundo, como Paris, Pequim e São Paulo.
“Maior experiência educacional do mundo”
O gerente geral do projeto, Terry Cumes, responsável pelo corpo de alunos, explicou em entrevista ao Porvir que o aspecto residencial do projeto é importante para proporcionar experiências sociais fundamentais que são vividas nas universidades tradicionais. “Vivendo juntos eles não só farão trabalhos e estudos em grupo, mas também atividades como estágios, visitas a empresas locais, networking, além de atividades extra-curriculares que irão envolver imersões na cultura local. No Brasil, por exemplo, eles poderão ter aulas de capoeira e samba. Já estamos, inclusive, contratando um gerente no país.”
No primeiro ano letivo, previsto para começar em 2015, os grupos de estudantes dos mais variados cursos de graduação vão viver em São Francisco. Em seguida, devem se mudar para outros seis ou mais países durate os quatro anos de faculdade, de acordo com seus interesses. Os alunos, por enquanto, poderão escolher entre São Paulo, Xangai, Bombaim, São Francisco, Nova York e Londres. “Queremos criar a maior experiência educacional do mundo”, disse Nelson ao Washington Post.
As proposta é realizar uma avaliação contínua dos estudantes, por isso o uso de uma plataforma adaptativa para abrigar trabalhos, exercícios e estudos e gerar um grande volume de dados sobre o desempenho de cada um. “A avaliação contínua será uma parte integral dessa experiência acadêmica. Na plataforma vamos acompanhar em tempo real o progresso dos estudantes e também do corpo docente, em busca de resultados mais efetivos”, explica Cumes.