As mães e pais responsabilizam-se por alimentar seus filhos. Sem estes cuidados os filhos não conseguiriam sobreviver. Os mamíferos aproveitam as horas da amamentação para cuidarem das suas crias. Bebês humanos que não receberem carinho junto com o leite materno ou substituto entram em depressão e podem morrer com menos de um ano de idade.
Numa família tradicional existia uma divisão de tarefas, sendo o pai o provedor e a mãe a “rainha do lar”, isto é, cuidar da casa e da educação dos filhos. Este esquema sofreu alterações com a emancipação da mulher, mas basicamente as ligações afetivas permanecem muito semelhantes. A vida dos humanos melhorou quando se consagrou os horários para as refeições, pois é uma das poucas atividades obrigatórias do dia a dia feita com toda a família unida.
Na vida pós-moderna, com o pai e a mãe trabalhando fora, tornou-se difícil o “almoçar juntos”, o que piora quando os filhos frequentam escolas em períodos diferentes, ou estudam longe de casa. Mesmo o jantar durante a semana está bastante comprometido pelas dificuldades dos familiares de não estarem fisicamente juntos e, mesmo quando juntos, por um ou outro familiar, por diversos motivos, não poder jantar exatamente no horário estabelecido. Com um grande número de pais separados e recasados, e cada um dos cônjuges trazendo, constante ou esporadicamente, os filhos do(s) antigo(s) casamento(s), a reunião de todos em torno de uma refeição fica praticamente impossibilitada.
Atualmente existe um descaso sobre as refeições com a participação de todos os familiares. Grande parte dos “internetados”, telespectadores, “videogamistas”, principalmente jovens, interessa-se mais pelas suas atividades individuais do que pela reunião da família, por não ter o hábito de tomarem as refeições juntos. A falta de conhecimento da importância da reunião familiar faz com que não se use este costume desde que a criança nasce.
Uma refeição não é somente um nutrir o corpo, mas também um alimentar o relacionamento familiar, a integração dos seus membros, de modo a formar fortes vínculos afetivos entre si, tornando um colaborador de outro, tornando a família uma fonte de prazer e ajuda e não de uma obrigação desagradável numa convivência horrível de cobranças e acusações mutuas. A reunião familiar em torno do agradável momento de comer, que também alimenta a alma, está fazendo falta nesta sociedade.
Algumas famílias sentiram esta falta e decidiram marcar noites para jantar em frequências que atendessem as necessidades sem saturar. Há famílias que escolhem um determinado dia do mês e todos se organizam para nesta noite jantarem juntos, geralmente em casa, quase um jantar festivo, enquanto outras marcam semanalmente.
Recomendações minhas para estes jantares festivos:
– Não é hora para broncas, mal humores, advertências, ameaças, ofensas, agressões e cobranças ou quaisquer outros pensamentos, sentimentos e/ou ações negativos;
– É hora de olharem-se nos olhos uns dos outros e posicionarem-se em atitudes de ajudas mútuas;
– Fazer da comida os temperos das conversas, para que cada familiar sinta o seu gosto preferido em toda a refeição;
– Que as conversas sejam muito mais lembradas que as comidas e que estes jantares festivos sejam os temperos da vida familiar.